Aceite, é normal sentir inveja. Por mais que seja um sentimento triste e mesquinho, é normal querer algo que o outro conquistou ou querer conquistar algo que se viu por aí. A inveja pode ser para sempre inveja, ou pode se tornar um parâmetro para o sucesso.

Como tudo tem dois lados, a inveja é, por sua natureza, negativa. Ela puxa do outro algo que você gostaria de ter, ainda que não queira de verdade. Ao se sentir menosprezado por algo que alguém conquistou, automaticamente você estará puxando a energia da conquista do ser invejado. Essa energia, além de contaminar o outro, toma conta de você. Ela te deixa cego por um objetivo que não é seu, mas que, devido ao sucesso do outro, você gostaria que fosse. O invejoso inveja por invejar, o ambicioso inveja para se motivar.

Contudo, a inveja pode ser uma força transformadora, caso você consiga enxergar o bem. A inveja é o combustível para a motivação, para atingir um objetivo, para chegar a um ideal. É normal sentir inveja, desde que  não se contamine por ela. Se você tem um sonho e o outro atingiu primeiro, isso não significa que não atingirá o seu, apenas que o caminho dele foi diferente do que você traçou. Ele não tem mais merecimento e você menos. Se você tem um objetivo claro e deseja com toda força, uma hora o que um dia foi inveja se tornará realização.

Se for para sentir inveja de alguém, sinta de si próprio.

Ninguém vai entrar em sua mente e tentar descobrir o que você pensa, porque age dessa forma e porque se porta assim. Por mais empático e humano que o outro seja, colocar exatamente o que você pensa sobre algo pode te levar a caminhos esclarecedores, longe dos problemas e perto das soluções.

Um problema, quando não exposto, torna-se somente seu. A mente é uma terra fértil e um problema é uma semente. Aí, dentro da sua cabeça, um pequeno problema pode tomar proporções gigantescas. Exponha-o. Tire tudo de você.

Por mais que doa, se explique. Foque em um ponto e busque todas as formas de explicá-lo. Esqueça as falácias. Coisas como “eu sei”, “para mim tanto faz”, “você quem sabe” e “se vai ser melhor assim” estão longe das soluções. Busque argumentos. Cada fato, por menor que seja, auxilia na construção do seu ponto de vista. No fim, haverá mais do que explicações, haverá conclusões.

Uma questão mal resolvida sempre voltará para atormentar. Se você não limpa a sujeira, sujo está. Por mais que não veja, o corpo sente e se manifesta. Quando a questão não esclarecida retorna, esta volta com força. E com mais força em uma próxima, até que você não aguente mais. Resolva agora, mesmo que demore horas, dias.

Fale tudo o que está sentindo na hora em que estiver sentido. Com o tempo, o argumento perde a força. Quem sofre, sabe que sofre, mas quem só está envolvido, se esquece. Se algo te chateia, fale na mesmo momento, no mesmo dia. Por mais que estrague um momento hoje, você deixará de estragar inúmeros momentos amanhã.

Ao se abrir, você não está sendo apenas sincero com os outros, está sendo sincero consigo. E se existe uma pessoa que merece ter a mente liberta, este alguém é você.

Os detalhes. São eles que contam quem é você e até onde pode chegar. Por mais sorrisos que dê, por mais histórias que narre, o que realmente mostra o seu íntimo são os detalhes.

Um detalhe é praticamente invisível para si. Ele é a menor parte de um fato, algo tão pequeno que não reparamos. Os detalhes não nos pertencem. Eles pertencem a quem nos vê, nos ouve e nos sente. Detalhes são presentes que não queremos dar.

Detalhes não têm a ver com pedaços de história. Detalhes têm a ver com o modo que você se porta ao contar uma história. A nerolinguística é a mãe dos detalhes. O movimento dos lábios, as mãos que se movem rapidamente, os dentes que aparecem sem querer, o palpitar do coração e a entonação da voz são alguns exemplos de como um detalhe é entregue para o outro.

Mentiras são pobres de detalhes. Quando você conta uma, por mais que se esforce para criá-los, eles não querem existir. E o outro, acostumado a ouvir histórias e receber detalhes, sente falta. A história não envolve, é quase fria. O esforço em criar um ambiente que não existe mata a emoção e quem ouve a mentira sente. Sempre sente.

Uma hora, o espectador irá cobrar os detalhes do mentiroso, que não terá nada para entregar, exceto a verdade. Entregue-se. Nenhuma mentira é perfeita, detalhes são.