Estamos juntos por um equívoco do destino. Nosso encontro, que devia ser proveniente do amor, se tornou proveniente da carência, da dependência, do comodismo. O amor escorreu e fugiu pelo ralo quando nos permitimos aceitar os piores defeitos dessa relação.

Sinto muito. Sinto pelo tempo desperdiçado, pois sim, poderíamos ter gasto esses últimos anos com outras pessoas, outras rotinas, outros sorrisos. Não teríamos nos empenhado tanto em fazer o amor dar certo, sendo que nunca houve amor. Teríamos usado esse tempo preciso em um intercambio de países ou pessoas, teríamos nos aventurados em pequenas paixões de uma noite só ou de três meses, teríamos mais tempo para encontrar o bendito amor.

Isso que fizemos com nós mesmos é uma chacina com os possíveis melhores anos das nossas vidas. Se errar é tão ruim, por que insistimos nos erros? Aguentar os defeitos, dormir com a razão esnobada pelo outro, acordar com a incoerência de aceitar problemas recorrentes foi matando aos poucos o que de melhor havia na gente. Foi matando a nossa ânsia de fazer dar certo. Praticamos a eutanásia do amor.

Apesar de tantos motivos para não sermos um casal, ainda não sei o que estamos fazendo juntos a não ser acabar com o melhor que resta em nós. Estamos caindo no buraco da insistência e vamos dar de cara na dor de não nos encontramos mais. Juntos, estamos matando as possibilidades. Juntos, estamos matando o amor.