Não há como saber, Deus não me emprestou a sua onisciência, mas de alguma forma sempre tive ideia de que a gente ficaria junto. Junto do tipo ser companheiro, sabe? De contar um com o outro, brigar por bobagens e ficar bem logo em seguida, de ser cúmplice sem questionar os porquês. Sempre soube que íamos ser um par.

Bem que eu queria, mas Deus não cedeu a sua onipresença, o que é uma pena. Não queria ficar vinte quatro horas com você, até porque ficaríamos enjoados de nós, mas gostaria de estar em momentos chave. Ao acordar, no metrô lotado, do seu lado na esteira da academia. Gostaria de passar a mão em seu cabelo até você sentir muita preguiça e cair no sono. Eu nem precisaria ficar a noite toda, desde que ficasse um pouquinho mais todos os dias.

Embora pareça, não sou herói, Deus não me deu a graça de sua onipotência. Se tivesse dado, provavelmente eu teria curado algumas de suas amigdalites, aberto o tempo nos dias que você esqueceu o guarda-chuva e feito o tempo passar mais rápido para que uma viagem chegasse logo. Talvez eu nem precisasse de tanto poder, só o suficiente para realizar aqueles desejos que parecem impossíveis.

Infelizmente, Deus não me deu seus principais atributos, mas me deu você, oniamor.