Eu mexi nas suas coisas para me encontrar no meio delas.

Revirei as tuas gavetas na esperança de encontrar mais do que uma cueca ou uma bermuda. Queria ter encontrado aquele pedaço de mim que te dei no primeiro dia oficial do nosso amor.

Olhei todos os bolsos dos seus casacos, esperando encontrar uma foto feia da gente, um cartão sem graça de aniversário, a razão da gente ter se apaixonado.

Olhei todos os pares de meia e encontrei dinheiro escondido, pé sem par, papel de bala, pé sem par, lenço colorido, eu sem par.

Olhei em todas as caixas e organizadores e não vi nada além de colares, cartões velhos, RGs antigos, contas pagas, contas a pagar, contas vencidas e nada de contar a verdade para mim, que você colocou outro alguém nas suas prateleiras.

Eu encontrei no seu guarda-roupa a verdade que eu não gostaria de saber e a mentira que gostaria de ouvir para sempre. Não encontrei o que fiz para merecer. Não encontrei onde te perdi.