Já não te amo mais. Era amor. Era tanto, que deixou de ser. É como um Big Bang, que começou no calor de um sentimento, explodiu, e hoje se expande. Ao contrário do universo, o meu amor está se expandindo ao inverso, ganhando espaço para mim e deixando que você fique em uma galáxia distante.

Não sei quando começou, mas acho que foi quando descobri que você nunca mudou, nunca aprendeu com os erros, você os adequou a mim e ao relacionamento. Tudo o que esteve errado um dia continua da mesma forma, mas como é no seu inconsciente, quase não consigo ver. O meu eu interior enxerga o seu e tudo o que vejo é o você de anos atrás, com uma nova roupa.

Isto já não é mais um relacionamento há tempos. Não sou teu amor, sou teu amante. Não sou teu amado, sou teu amigo. Ainda que as nomenclaturas não façam diferença, o modo que você emprega o sentimento faz. Sou o seu apoio, o alicerce que dá base para construir o futuro. A minha importância tem relação direta com os seus ideais, os seus dilemas e as suas conquistas. Ainda que eu seja importante, não sou o suficiente para ser amado como homem. Sou amado como pessoa.

E nós deixamos de existir há um tempo. É você na rua e eu em casa. É você deitado e eu vivendo. É você sentindo e eu sendo. Nos tornamos dependentes independentes. Já não precisamos mais de respaldo, os outros fazem isso com a gente. Não precisamos mais de conforto, a gente se conforta com o tempo. Não precisamos mais de amor, a gente se satisfaz com o pouco que recebe dos outros. Somos dois que deixaram de ser um só. Nos dividimos na esperança de não nos subtrairmos.

E se te perguntarem se ainda é amor, você vai dizer que é mais do que nunca, pois está perdido na construção do amar. Se me perguntarem se ainda é amor, vou dizer que já foi, pois amei até deixar de amar.

Já não te amo mais, já amei demais.