Entre seus lençóis
e o seu pijama,
descobri que não estamos a sós
e que já não me ama.

Tanto suor já passou por este colchão,
que já não faz mais diferença a roupa de cama.
Sei que seu quarto ainda me ama,
mas meu amor vai encontrar outra alocação.

Eu não preciso de óculos para decifrar as letras miúdas que encontram-se em seu rodapé. Consigo descobrir o que significa cada palavrinha, cada vogal e consoante perdida entre um sorriso e uma bronca. Consigo saber exatamente o que você deseja só de te olhar, sem precisar te abrir.

As suas entrelinhas são um prazer para a minha leitura. Através delas descubro por quais caminhos seguir, o que te aflige, como podemos caminhar para a felicidade. Você é o prefácio da minha vida. Por mais intangível que seja um sentimento ou uma emoção, consigo descobrir através do glossário que se esconde em seus olhos.

E cada vez que passamos por uma livraria, me pergunto: por que comprar um livro se eu posso te ler?

Não sei como ter cem por cento de você, mas nunca soube como ter cem por cento de mim.

Acho que é esse o problema. Cobro de você uma equação completa, sendo que a gente deveria somar para obter o resultado correto.

Passo mais tempo tentando descobrir a sua fórmula do que criar a nossa própria.

Sempre pensei que você fosse seno ou cosseno e eu tangente, mas a verdade somos um só, trigonometria.

A gente soma, sempre somou. Vou esquecer da sua conta e dar conta de mim.