Amor com amor se paga, mas no banco do coração minha conta anda negativa. Tudo anda muito caro e o meu salário amoroso anda abaixo da média de mercado.

A dedicação custa mais do que o bolso aguenta. Uma hora de afagos, carinhos e chamegos equivale a horas de televisão e dias de selfies no Instagram. Está mais barato pensar em si e a moda agora é economizar.

Na fila do amor só pedem beijos ou amassos. O amor, o filé mignon de uma relação, está superestimado, inflacionado, aquém do bolso, longe do poder de compra da classe média da paixão. É mais barato sobreviver com um sexo fácil e banal do que sustentar um amor.

Já olhei a cotação e o amor não para de subir. Está em alta, é só para quem pode. Não há Bovespa que aguente, não há Down Jones que suporte, está tão difícil ter amor estável que essa moeda não para de se valorizar. Só adquire quem tem, só ama quando dá.

Não tenho poupança, não tenho limite, não tenho cheque especial para amar, mas quero. Preciso batalhar para chegar no mesmo patamar dessas paixões absurdamente valiosas. Se com amor é mais caro, estou disposto a pagar.