Abri a folha do passado. Estava amassada, jogada em um canto, mas isso não me impediu de consumir o seu conteúdo. Assim como as marcas da folha, descobri de onde vinham as minhas marcas. Minha mente ficou junto com o passado e fez questão de tentar apagar o motivo de alguns traumas. Compreendo a boa intenção como mecanismo de defesa. Infelizmente, apagando a raiz de uma dor ela só ramificou inúmeras outras. A mente tentou passar a folha do passado, na esperança de desfazer todas as marcas do papel. Mas marcas não somem, não se apagam, são eternas, assim como um trauma. Para anular o peso de um trauma, basta entender os motivos do passado. Um trauma não some, ele perde a força.