Estamos bem. Acho que finalmente chegamos ao ponto de dizer que não temos mais do que reclamar. O que importa é que aprendemos apreciar a rotina. Não ligamos que o almoço demore três horas para ficar pronto, estamos fazendo isso juntos. Não nos importamos em ver filmes ou séries repetidas, estamos fazendo por nós, pelo momento. Não interessa que a gente só se veja por trinta minutos durante a semana, estamos fazendo isso pelo prazer da companhia. Estamos bem e o que importa é que aprendemos a nos encontrar nos erros. Seguimos com os mesmos defeitos, mas estamos consertando para que estes não nos incomodem mais. Continuamos com os mesmos vícios, mas agora tomamos cuidado para que estes não ofendam um ao outro. Permanecemos com o sofrimento, mas estamos aprendendo a lidar com o passado para que o futuro nos perceba. Estamos bem e parece que percebemos o que importa. O que importa é que vamos olhar para trás sabendo que nos redimimos. O que importa é que vamos rir da última viagem que fizemos, da palavra que entendemos errado e do tropeção que demos nos pés da vida. O que importa é que sempre caímos de pé. O que importa é que estamos estudando um ao outro e que se ontem estávamos no ensino fundamental, hoje já estamos na graduação. O que importa é que sabemos quais são os nossos limites, qual é o meu, qual é o seu, e quais deles devemos respeitar ou invadir. O que importa é que a gente não precisa mais ficar falando o tempo todo, o silêncio nos embala, conforta. O que importa é que notamos que precisamos um do outro, não por dependência, mas por conexão. O que importa é que sabemos o que nos conecta, o que nos une e o que nos torna diferente de outras pessoas, aquelas que teriam entregado tudo o que importa para Deus, esperando que Ele arrumasse soluções e dissesse que é melhor ir para a direita ou esquerda. Mas isso não importa. Estamos bem, isso é o que importa.