Estão matando o melhor jeito de amar e eu não quero ser conivente com essa chacina.

Esse amor plástico vai acabar em uma usina de reciclagem. Parem, por favor, de forçar o amor. Não digam que querem deixar a vida de solteiro, que querem ter alguém para dormir de conchinha ou ir ao cinema e, ao encontrar um alguém levemente interessante, denominar isso como namoro e após uma semana dizer “eu te amo”. Amor não é meta, é conquista. Não forje um relacionamento, construa-o. Amor não é o topo, é base.

Esqueçam as mensagens bonitinhas de bom dia e de boa noite. Poupem os assuntos sobre o dia de trabalho. Descubram-se. Saber a cor favorita não é o suficiente. Entendam os medos, o que ele pensa sobre o futuro, o que ela gostaria de ter dito, o que ele sente quando está sozinho, sobre o que ela reflete antes de dormir, o que ambos têm em comum. Amar não é reter, é participar. Estar no lugar do outro é se amar em outro lugar.

Não fiquem presos aos planos. O pedido de namoro só após o sexto mês. A festa brega de noivado para agradar os pais. O casamento só depois de terminar a faculdade e se estabilizar no mercado de trabalho. Amar não é estagnar, é mudar. Mude de opinião, se for interessante para você, para o outro. Decidam uma viagem de última hora. Conheçam um novo restaurante. Pensem sobre um ano sabático. Descubram novas formas de se descobrir.

Briguem, mas de verdade. Não guardem os problemas, nem durmam com as indiferenças. Não traiam para alavancar o ego. Não aceitem erros inaceitáveis. Nas brigas, você entende o melhor e o pior de ambos, para onde cada um deseja ir e se ambos estão trilhando o mesmo destino. Amar não é correr, é caminhar. Por mais em certas horas cada um deseje ir para um lado, se há amor, há um caminho a ser traçado.

Não prestem atenção nas novelas, nas séries, nos livros, nas histórias que contam por aí. É muita gente falando sobre a maravilhosa vida a dois, que os desentendimentos terminam em sexo de reconciliação, que casais são felizes o tempo todo e que você precisa ser perfeito todo o tempo. Amar não é espelhar-se, é inspirar-se. Passamos muito tempo tentando projetar o que vemos em nossos relacionamentos e acabamos projetando apenas as frustrações.

Esqueçam os padrões, os formatos, os conselhos. Amar é mais do que ter alguém, é sentir-se parte de alguém. O amor é coletivo, mas o modo de amar é você quem faz.

 

Se eu pudesse
controlar o tempo,
viveria em um loop.
Eu, você, a cama,
rindo sem motivo,
encontrando a
graça
em ser feliz.

Eu não ligo para o amor, ligo para o que a gente faz dele.

Ter amor é muito fácil, é só se apaixonar em um café, em uma balada, em um aplicativo, em uma rede social. É só se envolver por meia dúzia de fotos e palavras trocadas. É fácil ter amor, difícil é saber o que fazer com ele. E isso a gente faz bem, muito bem.

A sinergia faz com que nos amemos mais. Dormir juntos e sentir o prazer de ter o corpo abraçado a noite inteira, até que a gente deixe de ser conchinha para se tornar pérola. Acordar no meio da noite e me deparar na cama com você é como ter a certeza de que escolhi o colchão e travesseiro perfeitos.

Quando estamos longe, não é a distância que incomoda, é a falta. A falta de te ter por perto, ainda que seja para cada ficar na sua, sem trocar palavras, nem olhares, só energia. E até o próximo encontro, nos acostumamos a conviver com a falta, pois sabemos que não vai faltar “a gente” quando o dia de ficarmos chegar.

Quando estamos juntos, temos muito mais do que amor. Temos motivos para amar.