O momento que os dedos batem nas teclas e digitam palavras pensadas, construções de frases cuspidas, relatando aquilo que aconteceu na mente de quem conta e não de quem viveu. Mentiras deturpadas pelas digitais que não sabem escrever, são guiadas a um caminho sem rumo e sem nexo.

Roteiro de palavras que se encaixa e diz algo que não deveria ser dito, mas gostaria. Mente que ordena as mãos. Mãos que ordenam dedos. Dedos que obedecem. Não sabem o que dizer, mas dizem. São cobaias da imaginação.

Os meus dedos dizem mais do que minha mente (que diz), que não quer dizer nada, só quer que algo faça sentido, e não faz. O sentido está naquilo que não foi dito, está no que foi escrito, onde a mente se perdeu nas entrelinhas de uma mensagem desconexa.

A mensagem perdida entre as linhas é aquilo que um dedo vê. Mente subjetiva é mente cega.

Os dedos estão certos, a mente não.

O futuro espera o
passado passar
para o agora
perder o passo.

Corri de mim e encontrei comigo mesmo. O futuro é incerto para quem pensa nele no presente. Para quem vive, o futuro é só mais do agora. Passei tempo demais tentando encarar como seria viver no amanhã e perdi o ontem e o hoje. Quando me encontrei lá na frente, percebi que teria muito mais se tivesse aproveitado cada tempo, o tempo certo. Senti muito por mim, pois poderia ter sido o dobro do que me tornei.

A qualquer hora podemos ir ao futuro e nos encontrarmos no amanhã. Jamais poderemos voltar ao passado para consertar os erros de ontem. O depois é muito breve para querer antecipá-lo. Pena que só aprenderei isso depois.