Sinto muito por você.

Sinto muito pela necessidade de ter pessoas a sua volta e nenhuma delas te dar trela. Por mais que você se dedique e procure amigos, a amizade acontece, não é condicionada. Não provoque uma amizade, instigue. Caso contrário você ficará exatamente como é hoje, um vampiro de atenção.

Sinto muito por você idealizar tanto o amor e não conseguir vivê-lo. As suas regras, o modo como vê o amor livre, o jeito que leva o relacionamento e a forma com que se envolve com o amor faz com que ele se torne vítima, não companheiro. Enquanto buscar um amor quadrado e condicionado você se condicionará a viver só.

Sinto muito por você estar sozinho. Sei que existem alguns que você considera amigo, mas elas me parecem apenas pessoas empáticas que sentem afeição e dó, nada além disso. Mas quando a dor bate, não há ninguém para segurar a porta. É você, ela e o sofrimento. Enquanto não assumir a solidão, ela continuará sendo a sua amiga.

Sinto muito. Sinto muito por você ser você.

 

Nunca fui amado. Acho que não faço o tipo simpático, desses que todo mundo quer ser amigo de graça, mesmo sem saber muito sobre o que gosta ou desgosta. Com o tempo, aprendi que as pessoas não vivem só de bons momentos, de risadas. Elas também apreciam a dor. Vivem bem com a própria, mas apreciam a dos outros. A dor engaja. Aprendi a criar vínculos com pessoas que sentem dó de mim. Aprendi a gostar das desgraças da vida. Cada pequena merda que acontece comigo vira um post no Facebook, buscando comentários, likes e mensagens de “tá tudo bem com você?”. Gosto de sentir que estão comovidos com os meus problemas, assim me sinto querido. E quando os problemas acabam, sei que as pessoas estão ali, por mim, e passam a gostar de uma pessoa depressiva tanto quanto gostam de uma pessoa divertida. Escolhi viver na dor para saber o que é o amor.