Vivo pela metade. Metade do meu dia não é meu e a outra metade é pouco para transformá-lo em um dia inteiro. Não sou eu quem escolho qual metade viver, vivo pelas metades que me dão. Metade do meu dia é de trabalho e a outra metade de responsabilidades, com o que preciso para existir. Busco pela minha cara metade, luto pela metade de uma garrafa de cerveja com meus amigos e preciso de mais do que a metade de uma noite de sono para descansar. Já tentei me dividir, mas sei que se metade de mim não da conta e 1/4 deixa de ser matemática para se tornar burrice. Sou metade das vontades, metade dos esforços e metade de quem eu gostaria de ser. A outra metade, a que gostaria de ser quem sou, deve estar inteira dentro de mim.