Ok. Você estava certo, o tempo todo. Odeio dar o braço a torcer e torci para não precisar ser contrariado. Sei que teimosia não é uma dádiva e que me deleitei com este defeito. Uma hora eu erraria. Uma hora eu deixaria de ser reta para me tornar curva, para me perder nas rebarbas. A gente passa a vida inteira buscando o melhor, até que o bem se torna chato e não resta nada melhor do que se aventurar nos erros. E eu me aventurei. Mergulhei de cabeça, fiquei embaixo do mar do mal até faltar oxigênio e ter a certeza de que estava me afogando em desespero. Precisava sentir a água invadindo os meus pulmões e a culpa inundar o meu sistema nervoso. Eu precisava ir até o fundo para descobrir os meus limites, ou me limitar ao fim. Precisava regurgitar os vestígios do caminho desviado. E precisava de alguém pra me salvar. Alguém para fazer uma compressão cardíaca, para que eu pudesse sentir novamente que meu coração não foi totalmente perdido. Alguém que aquecesse novamente o meu corpo para que eu não morresse de hipotermia. Alguém que me desse motivos para estar no conforto da superfície. Alguém para me reanimar, para sempre. Desculpe pelos erros, pelo mar. Obrigado pelo oxigênio, por me amar.