Tudo gira em torno do que não estou vendo. A insegurança, o receio e o medo estão intrinsecamente atrelados a ideia de que se não está sob meus olhos, significa que está acontecendo.

A insegurança me assola o tempo todo. Ela dita as regras. É como um órgão regulamentador de problemas existisse dentro de mim e dissesse o que devo pensar e como devo agir diante de determinadas situações. Esse órgão faz questão de mostrar que você está fazendo algo errado neste exato momento, que está traindo a minha confiança, que me engana, que dissimula.

O receio não me deixa seguir adiante. Ele diz, boa parte do tempo, que não vai dar certo, que não adianta tentar, que não sou bom o suficiente, que sou uma farsa. Ele indica que estou me premeditando e se depender do futuro, é melhor ser refém do presente.

O medo bloqueia. Ele instiga o pior. Ele me defende em um lugar onde estou seguro. Eu sempre estive seguro, até o medo chegar. Ele desestabiliza os meus sentimentos, desnorteia, desgasta, corrói. O melhor lado de mim se torna negro. Se tenho certezas, o medo me coage a duvidar.

E sigo cego de medo, de insegurança, de receio, a ponto de nenhum cão guia querer me guiar. Tudo gira em torno do que não estou vendo, e não estou vendo que assim não é possível evoluir, ser feliz.