Decidiram se casar. Ou aquele sentimento arrebatador era amor ou eles seriam só mais um casal que confunde orgasmo com paixão.

Ele sugeriu só um almoço para os mais chegados. Ela chorou e interpretou como uma ofensa, coisa de vagabunda que já deu muito e por isso não tem direito a entrar de branco na igreja. Ele concordou com uma festa para íntima para duzentos convidados, afinal, o sexo era bom.

Ela não aceitou alugar o vestido de noiva, queria ter algo para mostrar para os filhos. Ele não quis o salão de festas ao lado da igreja, queria se casar em um sítio. Não eram muito religiosos, então chamaram um amigo que acreditava mais em Deus do que eles para celebrar a união.

A festa estava impecável, daquelas que só existem em revistas de casamentos. Eles estavam falidos, mas felizes. A bebida liberada antes da cerimônia deixou alguns mais alegres antes da hora, incluindo o falso pastor.

– Vamos cortar a parte chata. Você a aceita como legítima esposa?
– Sim!
– E você, o aceita?
– Sim!
– Vocês tem certeza? Daqui para frente só brigas, vocês sabem, não é? Ela não vai querer ter filhos tão cedo porque isso vai acabar com a sua carreira e ele vai engordar em no máximo dois anos. Vocês vão discutir a relação porque um odeia ventilador e o outro só consegue dormir com algum cobertor. As crianças terão asma e ela não vai limpar a casa duas vezes por dia com produtos anti-ácaros e ele não vai parar de fumar. Vai rolar ciuminho em tudo quanto é lugar e é bom que vocês tenham um sofá-cama.
– …
– Brincadeira! O amor sobrevive a tudo isso. Vocês se aceitam?

A festa acabou ali. Mas eles viraram bons fuck friends. Orgasmo e amor não são iguais, mas o prazer é o mesmo.