Mexi em suas coisas
abri seu armário
revirei as gavetas
vasculhei sua mochila
e não encontrei nada
pois tudo o que busco
está em sua cabeça.

Passamos mais tempo pensando em como devemos viver do que como aprendemos com a vida. E a gente aprende, sempre. Desde o momento em que nascemos, onde aprendemos a chorar para mostrar que estamos vivos, até chegarmos ao fim, onde usamos o mesmo choro para nos despedirmos de nossa existência.

Aprendi com a vida que posso ter tudo o que quero, mas que o tempo para atingir meus objetivos não depende somente de mim, depende do próprio tempo. Não adianta criar planilhas, estabelecer metas e punir-se por não concretizá-las. Podemos pensar em viagens, dinheiro, negócios, carreira, relacionamento, família ou amigos, o tempo pode ser o nosso melhor ou pior aliado. Eu confio no tempo e não desisto dele, na esperança de que ele confie e não desista de mim e de meus objetivos.

O tempo é professor. Ele tem poder de escolha. Não somos nós que definimos o tempo, o tempo é quem define quem somos. Por isso, aprendi com a vida que devo aproveitar ao máximo o tempo que tenho. O hoje define quem serei amanhã, e o tempo será o mediador dessa história. As nossas escolhas geram mudanças. Nossas brigas geram crescimento. O nosso empenho gera sucesso. E no meio de cada geração, o tempo tempera.

A vida me ensinou que problemas não necessariamente precisam ser horríveis, tudo depende de como os vejo. É contraditório, mas se você não tem algo para superar, qual foi o aprendizado? Se não há algo para comparar, o que foi aprendido? Uma vida que vem fácil, vai fácil. O medidor da nossa personalidade são os nossos problemas. Uma simples gripe nos faz buscar quais remédios tomar, mostra que precisamos de repouso. Isso nos prepara para a próxima doença. Uma discussão com alguém nos faz levantar vários pontos, criam-se atritos e desentendimentos, mas possivelmente isso fortalecerá o vínculo entre vocês. E se isso não ocorrer, cada um tomará seu rumo. Vai doer, ambos vão sofrer, mas um dia compreenderão que o problema definiu um novo caminho, que servirá de referência no futuro. Pessoas não são descartadas, elas voltam para os devidos lugares.

É o jeito que você lida com as coisas. Quem pensa, fica preso no pensar. Quem reflete, encontra uma gama de possibilidades para saber qual é o melhor caminho a ser traçado. Um pensamento define um único caminho. A reflexão te faz enxergar vários destinos, faz ir mais longe. Aprendi com a vida que a dúvida é um benefício, desde que você saiba lidar com as resoluções.

Aprendi com a vida que a empatia me coloca um passo à frente. Quando coloco os interesses de outra pessoa antes dos meus, compreendo que não sou o centro do universo e que cada um tem necessidades especiais. Quando entendo alguém, traço um paralelo com o que entendo sobre mim e alinho ambas as expectativas e interesses. Ao entender alguém, a pessoa se sentirá mais confortável para estar ao seu lado. Ao descobrir como outra pessoa pensa, você descobre que o seu modo de pensar não é singular e absoluto.

A vida me mostrou que, obrigatoriamente, tenho que abrir mão de algo diariamente. Isso não significa que devo ficar triste por estar trabalhando no lugar de dormir, de estar na fila do banco ao invés de estar tomando caipirinha na praia. Abrir mão tende a ser benéfico, por desencadear inúmeras vantagens no dia a dia. Se você trabalha, isso traz dinheiro, que traz bens, que traz carreira, que traz futuro. Abrir mão de um pequeno prazer instantâneo tende a trazer inúmeros prazeres constantes.

E, acima de tudo, a vida me ensinou que não existe bê-a-bá ou cartilha para aprender. O que absorvemos é apenas uma prévia do que realmente ela é. Viver é estudar eternamente, para descobrir que no final não aprendemos nada.