Ela não chega, ela invade. Cada pedacinho e cada sentido se torna dela. Para onde você olhar, verá com seus olhos. O toque mudará. Os ouvidos se desacostumarão aos sons comuns. A boca ficará seca e seu faro buscará apenas por ela, a desconfiança.
De um lado, a desconfiança pode ser falha. Pode ser apenas um reflexo da sua insegurança traduzida em um fato que nunca ocorreu. Nesse caso, embora a desconfiança seja a mãe, a insegurança é mentora. Ela domina os seus sentidos de forma errônea e, caso você não se conscientize de que tudo é fantasia, a desconfiança irá te consumir até que não exista mais nada entre você e o objeto de desconfiança, a não ser a incerteza.
De toda forma, nem sempre a insegurança é a regente. A desconfiança corre pelas veias alterando o curso natural das percepções. Se ela dominar os cinco sentidos com perfeição, pode se tornar o sexto. Ela transcende os sentidos, fazendo com que todos fiquem mais sensíveis e se unam. Unidos, a qualquer momento eles podem entregar o objeto da desconfiança. Juntos, eles podem transformar as suas dúvidas em certezas.
Ainda que seja uma dádiva, o sexto sentido, a desconfiança, tira o poder de conviver com a dúvida, de ser feliz com o desconhecimento, de conviver bem sem as respostas. Todo sentido, quando mal aproveitado, torna-se desgraça. Não deixe a desconfiança se tornar a sua.