Vou te dar exatamente aquilo que você deseja.

Vou comprar presentes caros e fofos, como aquele ursinho de pelúcia que segura um coração escrito “Eu Te Amo” ou um bombom Sonho de Valsa, no melhor estilo “eu lembrei de você”. Vou te proporcionar experiências gostosas ou excêntricas, como um belo jantar num restaurante diferente, uma volta despretensiosa no parque ou uma transformação de um domingo ocioso em algo divertido.

Como retribuição, quero as mensagens mais belas, olhares carentes e afagos que só você sabe fazer. Quero também idas constantes ao cinema, além do melhor sexo possível, claro. Quero surpresas no meu dia a dia, com encontros ao acaso para um cafézinho ou para um passeio romântico. Quero também abraços e beijos carinhosos no final de semana, com muito respeito e reciprocidade.

E nesse relacionamento, o que mais gosto é a nossa forma de nos presentear. Nos presenteamos com mentiras, falsidade e hipocrisia, fingindo amor, forçando alegria e sentimento. O nosso “Eu Te Amo” é construído, sem um pingo de sinceridade.

Vamos fingir que todos os presentes foram válidos, assim como fingimos o tempo todo sensações gostosas, que sempre foram desgostosas. Era tanto sentir que eu não sentia. E espero que você também não.

Gostaria de te dar um último presente: um pouco de solidão.

Tanto me importei
até que não me portei
mais.
Fechei a porta,
portei demais.

Não gosto de senso comum, mas você é senso comum. Então, o que estamos fazendo juntos?

Você é trivial. Se contentar com a mesmice, com o básico, desde o que vestir até o que falar. Tudo bem vestir jeans e camiseta, desde que os seus argumentos não sejam tão básicos quanto você. Se repetir é uma opção de quem não tem nada em mente e não faz questão de pensar. A mente se engana e transforma redundância em argumento. As frases de efeito são sempre iguais, por isso perdem o efeito. Você acabou se tornando sempre igual, por isso perdeu o efeito.