Me privei.
Aprendi a
conviver com
o desejo de ter,
sem retorno.
O mais perto
que cheguei
de você
foi no abandono.

A partida, a despedida, o eterno momento em que você ergue a mão direita de longe, dá um sorriso-mona-lisa, estica os lábios e mostra as covinhas, apontando o tamanho da cova que vou entrar quando a distância se tornar lei e o mais perto que estarei de ti é na lembrança.

Vou fechar os olhos, sozinho, e pensar em você, pensar em nós, pensar até que a mente me traia com um pensamento que não seja você ou a sua ausência. Até que você parta, assim como partiu do contato físico, do contato da psique.

Vou aprender a ser por mim o que nunca pude ser por outro. Aprender a conviver com a cama vazia, a poltrona de cinema entre casais, o único prato na pia, as compras sem palpite no provador, o banco individual do ônibus, o quarto single de hotel, o post sem comentários, a foto sem like, o selfie mais selfie do que nunca, a beber o double drink de uma vez, a ser só mais um sendo só.

A frustração da lacuna que jamais será preenchida será a minha nova companheira. Vou me consumir até me fartar de mim. Vou me asfixiar com a sua falta até morrer de saudade.