Meus pensamentos são divergentes. Desde o primeiro momento em que eles cruzam a mente, deixam de ser o que gostaria que fossem para ganhar vida própria. O pensamento, do meu agrado, escorre das vistas e um novo me invade, sem ao menos perguntar se pode entrar. Geralmente o segundo pensamento é vertiginoso, algo que já passou pelo córtex cerebral, mas fiz questão de removê-lo de lá. É um pensamento que faz com que todos os outros percam a força e crie uma nova forma de ver as situações, forma essa que não me agrada. As condições tornam-se duras e superá-las um desafio. Para sanar os pensamentos que me afligem, preciso de uma segunda mente, de alguém de fora. Preciso desvirtuar o pensamento que não me pertence para dar vasão a minha verdadeira visão.

Minha voz entoa comandos em bom tom. “Pare de ser bitolado”, como se as palavras saindo da boca e invadindo os tímpanos tivessem o poder de converter a minha imaginação. Esta já deixou de ser minha há algum tempo. Não me pertence. A imaginação é tão egoísta que não se permite ser de ninguém a não ser de si própria. Tento incessantemente fugir dos curtas que passam diante dos meus olhos, projetados em algum lugar entre a testa e a íris. Não paguei por essa sessão. A minha vontade é levantar da poltrona no meio do filme e falar muito mal dele por aí. Mas não posso. Não posso contar para as pessoas o que ando assistindo dentro de mim sem ser julgado como louco. Não serei Juqueri. Não serei estereotipado pelos meus pensamentos. Mente débil, corpo insano.

 

Deposite toda a sua confiança em mim. Devote. Me transforme em sagrado. Acredite que sou importante, canalize a sua energia espiritual e transmute para um novo ideal. Depois que você estiver confortável, eu sumirei. A força motriz da fé não está em algo ou alguém, está em você.