E todas as últimas coisas que fiz não foram para mim. Saí da cama para viver a vida para outras pessoas, tomar um café da manhã que já estava na mesa, pegar um ônibus que já tinha o percurso pré-determinado. Cheguei no trabalho para executar um trabalho que não me trará nada – exceto experiência e dinheiro, não sou egoísta para negar – e o que acrescentará será à empresa. Usei um computador que não é meu, almocei um prato feito, tomei o rumo de volta. Chego em casa e retorno para a cama, precursora da rotina pensada por outras pessoas. E, para não dizer que não pensei em mim, penso antes de dormir. Penso na competência que tenho para executar com maestria as tarefas que me dão e repenso nos porquês de não estar realizando as mesmas tarefas para mim. Penso nas minhas capacidades e de como o mundo as consome, me restando o resto. Penso em quanto eu poderia ter feito por mim, mas não fiz, pois preferi ser vitima. Penso que, em um próximo sair da cama eu poderei levantar para viver a vida, a minha, não a dos outros. Apesar de estar condicionado, aceitei as condições. Para estar por mim, preciso contratar as minhas vontades. Para estar por mim, preciso praticar a autodependência.

Não acreditava em destino. Fez do agora o futuro, do hoje o amanhã e deixou que o segundo o levasse. Não sofreu por antecipação. Não chorou antes da hora. Não foi infeliz a longo prazo. No fim, morreu sem medo de morrer. Aprendeu que o depois não leva a nada, pois leva tudo.

Namore com uma pessoa que não seja parecida com nenhuma de um texto tosco que você leu por aí. A pessoa ideal não tem que se parecer com uma regra bem escrita, tem que se parecer com você. Se envolva com alguém que tenha a ver com o que você espera, não com o que dizem que é perfeito. Namore com uma pessoa que goste de ser quem ela é. Se ela não viaja, não significa que ela não é aventureira ou surpreendente. Pode ser que ela só não tenha dinheiro ou não saiba programar uma viagem. As pessoas podem ser surpreendentes dando um abraço, não só de biquini em alguma praia no Caribe. Namore com uma pessoa que não lembre um clichê. As melhores coisas do mundo não são previsíveis ou sairiam de um filme. Namore com uma pessoa que se pareça com uma pessoa, não com mais um texto compartilhável da internet.