Escolhas. A vida é feita delas, dizem. Sempre acho que não estou escolhendo nada, que estão escolhendo por mim. Mamãe escolheu a minha escola e a minha roupa. Não escolheu a minha faculdade, mas também não escolhi. Quem escolheu foi o vestibular que tive maior pontuação. Não escolhi o meu curso, já que tentei vários e fui para o segundo que consegui. Não escolhi o meu primeiro emprego, trabalhei por obrigação, por dinheiro. Não escolhi o meu segundo emprego, trabalhei por obrigação, da faculdade. Não escolhi a minha área, ela me escolheu. Não escolhi os meus amigos, eles surgiram e se tornaram uma escolha. Não escolhi os meus relacionamentos, eles aconteceram. Não, a vida não é feita de escolhas. A vida é feita do que escolhem.

Se eu subir em sua mente
e escalar a emoção,
posso ter eternamente
a sua devoção.

Devota,
devolva-me a razão.
Derrota,
unge a minha escravidão.

Uma parte de mim me guia ao erro, a incerteza e ao prazer, ofertando o melhor e o pior ao mesmo tempo. E eu caio, sempre caio. Caio em tentação, com ódio por dizer amém. Os piores caminhos sempre foram os que mais me chamaram a atenção, embora eu seja uma pessoa que busque constantemente o equilíbrio. Se a maior parte do tempo sou dócil, sei que no fundo não sou uma pessoa boa. A parte de mim que me guia ao acerto é constante, mas sem graça. Seguir o caminho mais fácil e mais longo não tem graça em comparação ao mais curto e mais difícil. Não suporto sofrer, mas gosto de sentir um pouco do sofrimento latejando.

Parte de mim quer continuar a viver pelo bem. Infelizmente essa parte quer partir de mim.