Ele entende. Sabe o que tenho a dizer. Ele me olha no fundo, analisa como meu globo ocular se move e sabe exatamente como me sinto. De boca fechada, parece que fiz um desabafo de horas. O corpo fala e ele sabe ler. Não existem segredos que se escondam para ele, que lê qualquer esboço. Tenho medo de que ele descubra, que no fundo, sou mais frágil do que pareço. Levanto a voz, me torno sarcástico na esperança de que ele não leia a minha mente. O corpo fala e eu gostaria que ele fosse surdo. Mudo a postura e faço de tudo para que ele não me invada. Sei que ele está fazendo isso por bem, para o meu bem. Ele quer que eu seja melhor. Ele sabe que tenho muitos defeitos escondidos entre sorrisos e gritos. Não quero que ele e nem ninguém descubra o que sinto e o que me afligi. Vivi muito bem até hoje comigo, sem ninguém ditando como devo me portar para ser feliz. Ele quer que eu seja feliz, mas faz questão de explorar a minha infelicidade. Ele diz que a alegria está ali, entre o bem e o mal, no equilíbrio. Não quero ninguém dominando os meus pensamentos e lutarei para que ele pare de entrar aqui. Sei que quer o meu melhor, mas receio que ele se decepcione. O meu corpo conversa com os olhos dele e eu só queria que eles se odiassem.