Quando é amor, nunca temos certeza. Os indícios apontam, os ânimos se exaltam e o corpo responde. Eu te disse que dessa vez seria amor. Talvez você estivesse predestinado, mesmo não acreditando que amor não seja ato do destino, mas da energia de quando se quer amar. E dessa vez você queria. Das outras vezes o amor era tanto que nem conseguia ser amor. Em um dos casos, o alicerce do relacionamento era a carência, a vanglória, a dependência psicológica de ambos. Não era amor, não era amar, eram pequenos luxos materiais conciliados com a falta de um sentimento real. A luxuria e a falta não se relacionam com o amor. Em outro momento, em outra pessoa, encontrou-se o amor na fraqueza emocional. A personalidade desviada, a crise de identidade e a inconstância do ser deram o suporte a esse relacionamento. O amor era pautado em uma mente debilitada, que sugava as emoções de terceiros para enganar as próprias. No final, a matéria ficou em dívida e a alma levou a culpa. O erro de quem julga que ama é culpar o amar. Neste momento, sem muito ver e sem muito especular, só posso dizer que é amor. A carência foi traduzida em companheirismo, o luxo em simplicidade, a falta de identidade em personalidade, a dívida em crédito, a culpa em conformismo, o amor em amar. E se é amor, jamais terei certeza. Mas que se está amando, isso não há como errar.