Me ensinaram que eu nunca poderia pecar. Frequentei a igreja, fiz catequese e sempre ficou claro que o pecado é o inimigo de quem busca a plenitude. Mas nunca me ensinaram que para aprender, preciso errar. O pecado precisa arder no fundo da alma, no centro do peito, no meio da carne para que eu saiba o quão ruim aquilo é para a minha vida ou a dos outros. Nunca houve uma palavra da liturgia que me dissesse que os erros são caros e que muitas vezes você não vai ter dinheiro para pagar, então o pecado vai se tornar um carnê interminável que te pune toda vez que você lembra que ainda deve. Nenhum Espírito Santo desceu para dizer que todos os pecados que já cometi tornariam-se tormenta, converteriam-se ao conformismo até chegar a redenção. Aprendi, sozinho, que pecar é a busca da perfeição na imperfeição do erro.