Despenquei do topo da coragem. Pulei, sem corda, direto para os meus propósitos e ideais. Liberei a adrenalina ao me libertar de uma mágoa. Gritei da atmosfera que precisava ser feliz. A queda foi livre, como sempre quis ser. Voei. Vi a terra e caí na real. Voltei para mim.

As flores não querem ser de cemitério, as flores querem ser da terra, dos jardins, da alegria. Assim como pessoas, as flores não tem escolha. Não escolhemos a hora da nossa morte e as flores não escolhem para qual túmulo ir. Nós vamos e elas vão. Nossa alma vai para sabe-se lá onde, mas nosso corpo vai para a terra, para a escuridão. Não há cor, não há luz e não há esperança embaixo da terra. Em cima há. As flores, ainda que sem escolha, escolhem alegrar o lugar da morte, em um exercício fúnebre de deixar colorido um lugar onde quem vive não vê cor.

Ainda que sem escolha, as flores escolhem deixar alguém feliz.

Felicidade incomoda e quando você não se sente feliz, o mundo se torna um grande estorvo. Não dá para fugir. Se ficar na internet, vai ter foto no Instagram de casalzinho que cozinhou o fim de semana todo em casa, tweet de gente que foi para uma “balada top” e causou e posts de quem está viajando, sorrindo até cansar. Se sair na rua, vai ver casal de mãos dadas, crianças passeando com cachorros fofinhos e amigos dando risadas sem motivo. E tudo se torna um grande problema, porque felicidade incomoda. A partir deste momento, todo mundo que é feliz e está a sua volta acaba se tornando uma pessoa insuportável.

É difícil ver gente feliz quando esse alguém não é a gente.