Me perdoe, já que aí dentro algo não consegue me perdoar. Perdão por quê? Por querer viver fora dos padrões, por quebrar a rotina e por não ser tão certinho. Por nada disso combinar com você. Por nada ter a ver com o que você pensa ou sente.

As vezes quero me ver livre de você, mas não é sobre o seu eu, é sobre sua mente. É sobre como você se porta diante de algo inusitado, como dormir fora em uma segunda ou inventar uma doença só para ficarmos juntos em uma quarta. É errado, mas quem disse que é preciso estar sempre certo para ser feliz. E a felicidade não vem só do que o destino dá, das conquistas. Ela vem de algum lugar dentro da gente que sabe equilibrar o certo e o errado. O seu certo anda errado demais.

Não quero te induzir ao caminho da perdição. Não desejo o mal, nem que você faça escolhas ruins. Eu só espero que você ouça menos a voz que condiciona e mais a que te liberta. Libertação é equilíbrio e a sua balança tem apenas um lado.

Me perdoe, ainda que não precise pedir perdão. Sei que só assim você irá me perdoar. A sua coerência é refém da moral, mas a sua moralidade não possui parâmetros. Você precisa ouvir perdão para satisfazer a sua mente, não o seu coração.

De tudo o que sinto mais saudade,
de longe é da verdade,
de perto é a mentira que é você.

E se a gente acabar, vai ficar tudo bem? E se a gente nunca mais se vir, não se cruzar na rua, não ver fotos um do outro, como será? E se a gente nunca mais falar, não ligar, não trocar nenhuma palavra, não mandar mensagem de voz, o que seria de nós? E se a gente esquecesse que a gente já foi um casal um dia, que já compartilhamos sonhos, que já nos programamos para viver juntos, que já deixamos de lado o individualismo, como seria?

E se a gente acabar, vai ficar tudo bem. A gente vai acabar com o comodismo, com o medo do novo, com o trivial. A gente vai acabar com o que está acabando com a gente, nós.