Não definimos muito do que realmente desejamos em nossa jornada, mas passamos boa parte dela tentando definir a nossa personalidade. Olhamos para os lados, reparamos nas pessoas e buscamos referências. O melhor e até o pior de cada ser é um parâmetro que traçamos para nós. Se os astros traçam o nosso destino, a personalidade define o nosso futuro. A partir dela podemos fazer qualquer coisa, chegar em qualquer lugar.

E se pudesse ser qualquer pessoa no mundo, por que você não seria você?

Passei a vida inteira pensando nos outros e a recíproca nunca foi verdadeira. Me dediquei ao trabalho, ajudei minha família e construí amizades, mas fui aos poucos fui esquecendo da pessoa que eu mais precisava: de mim.

O problema não é ser ocupado, é ser culpado por não ter tempo para si. Em um mundo onde a prioridade são os outros, me colocar em primeiro lugar é o último caso. Por escolha minha, prefiro que as pessoas fiquem no topo do pódio, desde que eu possa segurar a medalha. Sempre me dediquei à vitória, mas a dos outros.

Um dia, me deparei comigo. Foi estranho. Precisei ficar sozinho e não me reconheci. Meus ideais estavam no meio das cartas do banco que jogo no armário sem ler, minhas aspirações estavam no cesto de roupa suja e por pouco eu não encontro quem eu gostaria de ser no futuro em meio a tanta bagunça. Me deparei com ambições, cobiças e anseios que eu nem sabia que tinha. Reconhecer a si mesmo é como descobrir um irmão gêmeo que você jamais conheceu.

Desde então, fui a pessoa que encontrei. E que pessoa! Modéstia a parte, não existe ninguém igual a mim. Deixei tudo o que me fazia mal: trabalho, alguns amigos e aquele ser que preferia colocar os outros em primeiro lugar ao invés de se valorizar. Não deixei de pensar nos outros. Só quem sabe se colocar no próprio lugar vai conseguir se colocar no do próximo.

Descobri o amor, o próprio, em pessoa – no caso, a minha – e não há paixão que seja mais arrebatadora do que encontrar consigo. Se existe amor eterno, este é o amor de quem se ama.