As vezes, tudo o que preciso é exatamente o contrário do que tenho. Estou aqui pelos motivos errados. Anseio respostas e só encontro mais perguntas. A vida é duvidosa. Se você a questiona demais, acaba se confundindo com o que ela diz. Ela diz muito sobre nada. Ela diz muito sobre você, mas nunca entendemos. Ela diz muito sobre as dúvidas que não queremos ter.

Preciso do contrário. Preciso das certezas, do certo, do futuro escrito, do destino feito. Preciso das respostas antes das perguntas. Preciso estar mais perto de mim.

Não é de todo o mal. Podíamos não ter nada, mas temos um ao outro, temos cada um o seu comodismo. É cômodo ter uma companhia, ter abraços, ter carinho, ter um amigo, ter um lar, ter. Este é o meu cômodo favorito, embora o meu parâmetro de estar acomodado seja o pouco que vivo, as pessoas que me cercam. E é assim, a gente quando se acomoda, se acomoda a um só. Uma família, um melhor amigo, um amor. Somos eternos acomodados, nos amparamos socialmente para amparar a mente, por obrigação. Eu gostaria de ter novos parâmetros para tudo e descobrir como eu me acomodaria na vida de outras pessoas, sendo outra pessoa. Queria ver que está tudo bem deste lado e que do lado de lá o comodismo é muito mais chato. Ver que meu comodismo é muito mais gostoso e que viveria nele para sempre, ou que me acomodaria facilmente a um novo trabalho, a uma nova rotina, a uma nova família, a um novo melhor amigo, a um novo amor. Honestamente, não sei, me acomodei, mas adoraria descobrir. Por favor, me tire daqui, me leve para o próximo cômodo.

Visitei o passado e encontrei problemas mal resolvidos, amores inacabados e pessoas que poderia ter me tornado hoje. Será que sou feliz com quem me encontrei ou com quem eu sou? Jamais saberei. Talvez o eu de ontem fosse mais intransigente, porra louca e intenso. Honestamente, não sei o que faria com esses atributos. Talvez teria me tornando um desses babacas que vai para a balada em busca de sexo fácil ou ter acordado para a vida e construído família, com um emprego de terno e gravata em algum firma e faria encontros mensais com a galerinha da escola. Talvez eu fosse amigo de gente que nem sabe o que é amizade, mas não faria diferença: para mim amizade seria qualquer tanto faz, já que a intransigência me deixaria cego quanto a quem realmente gosta de mim.

Passeando pelo ontem, descobri porque me tornei quem sou hoje. Um pouco de calculismo, metodismo e alguns ismos não me fizeram mal. Muito pelo contrário. Essa espécie de doença que me torna mais certeiro com o que quero e empático com quem amo deve ter servido para alguma coisa. Acho que sou feliz como sou, mas não tenho certeza se seria ainda mais feliz como eu era ou como poderia ser.

Virei as chaves da incerteza para abrir a porta da personalidade e encontrar diferentes pessoas dentro de mim.

Sem visitar o passado, jamais entenderia quem sou hoje. Sem viver o presente, nunca saberei quem eu poderei ser no futuro.