E lá estava eu, fazendo justiça com as próprias mãos. Como se tudo o que eu desejasse fosse uma regra a ser cumprida, eu exigia honestidade (ao menos de mim).

O efeito inverso do que você deseja tem um poder muito mais estrondoso do que o ato de desejar, por isso eu parei de ter sonhos muito grandes. Estava desejando demais. Desejava coisas nos conformes, de acordo com o que planejei (mas infelizmente ainda nos meus conformes), o que tirou o sentido de querer tudo aquilo.

Vejo-me agora perdido entre os direitos que não sou dono, mas que são donos de mim. O direto da predileção, o meu predileto, se perdeu junto com o desdém que vem de brinde com esse direito. Meus desejos se cruzam com meus direitos, e me perco dentro da minha razão.

Eu gosto da visão de justiça que larga a venda e a balança em cima da cama e volta a dormir, se tornando mais bonita no sono da beleza.

Gostaria de compartilhar mais de mim para você, mas não posso. Você não é receptivo e nem está pronto para o inusitado, o diferente. Você é mais do mesmo, eu sou mais do mais. Prefiro acrescentar, mas você está cheio, cheio de mim. Não posso ir além, você se acostumou com os próprios limites.

Se coloca em meu lugar. Diz que essas pedras que você jogou são suas e você não quer carrega-las. Se coloca em meu lugar. Diz que esses gritos foram dados porque seu dia foi ruim, não porque eu sou. Se coloca em meu lugar. Muda essa postura, senta direito, se porta direito. Se coloca em meu lugar. Se você gosta de ser feliz, por que me fazer triste o tempo todo?