Somos um quebra-cabeça. 
De incontáveis mil peças, a gente tenta se finalizar o tempo todo.
O prazer do encaixe nos mantém juntos, pois queremos saber qual é a imagem que formamos.
 Por enquanto, não formamos nada além de um pedaço de um romance, mas sem ver o resultado final, somos apenas peças.
A gente se encaixa, mas não por completo. Estamos há anos tentando encontrar qual peça encaixa com qual. A gente parece se encaixar, as peças não. 
Vem, se dedica comigo. Me ajuda a encontrar o resultado final. Quero ter certeza de que a gente se encaixa perfeitamente. Poder dizer que juntos somos a imagem que sempre imaginamos.

Gosto de ilusões, mas nunca gostei de ser iludido. As ilusões me dão o que preciso sentir, a melhor forma de ver algo, um novo modo de ser o que preciso. Eu escolho as ilusões que preciso, já quando sou iludido, não. Ser iludido é ter certeza de que se está certo quando se está errado. Ser iludido é deitar no inferno para ver o paraíso. Vou deixar de ser iludido, vou deixar de você. Vou voltar para a ilusão.

Como quem espera a sua vez de ser atendido no banco, eu esperava ansiosamente ouvir algumas palavras. Seria como estar numa bendita fila de banco e o gerente gritasse meu nome, me convidando para um caixa especial, onde eu pagaria minhas contas num minuto. Ou melhor, o gerente gritando o meu nome com balões, confetes e serpentinas, fazendo muita festa por eu ser o cliente de algum número bem sugestivo e irrelevante. E, ainda mais incrível, uma grande festa com bailarinas de circo e elefantes entrando no banco, dizendo que as minhas contas da vida inteira estariam quitadas, independente do valor.

Contudo, continuei na fila do banco aguardando uma senhora de incontáveis anos tentando digitar a senha do cartão, anotada em um guardanapo, ajudada por três funcionários ao mesmo tempo e mesmo assim indo embora sem sucesso, pois a senha do guardanapo era apenas um número de telefone.

E continuei na fila, aguardando as velhas palavras que eu adoraria ouvir, no momento certo. Estava disposto a quitar todas as suas contas, o seu débito comigo.

Aguardei tanto, mas tanto, que o banco fechou. Do lado de fora, eu ouvi o que eu sempre quis ouvir. Mas aí já não me importava. O banco havia fechado. O meu coração também.