Os detalhes. São eles que contam quem é você e até onde pode chegar. Por mais sorrisos que dê, por mais histórias que narre, o que realmente mostra o seu íntimo são os detalhes.

Um detalhe é praticamente invisível para si. Ele é a menor parte de um fato, algo tão pequeno que não reparamos. Os detalhes não nos pertencem. Eles pertencem a quem nos vê, nos ouve e nos sente. Detalhes são presentes que não queremos dar.

Detalhes não têm a ver com pedaços de história. Detalhes têm a ver com o modo que você se porta ao contar uma história. A nerolinguística é a mãe dos detalhes. O movimento dos lábios, as mãos que se movem rapidamente, os dentes que aparecem sem querer, o palpitar do coração e a entonação da voz são alguns exemplos de como um detalhe é entregue para o outro.

Mentiras são pobres de detalhes. Quando você conta uma, por mais que se esforce para criá-los, eles não querem existir. E o outro, acostumado a ouvir histórias e receber detalhes, sente falta. A história não envolve, é quase fria. O esforço em criar um ambiente que não existe mata a emoção e quem ouve a mentira sente. Sempre sente.

Uma hora, o espectador irá cobrar os detalhes do mentiroso, que não terá nada para entregar, exceto a verdade. Entregue-se. Nenhuma mentira é perfeita, detalhes são.

O santo não bate. A primeira má impressão é a que fica. Foi antipatia à primeira vista. Talvez eu nunca descubra o motivo do seu ódio gratuito. Confesso que já tentei refletir sobre os verdadeiros motivos. Acho que pode ser porque sou dessas pessoas que fala muito, que não guarda uma dúvida para si, que não passa vontade, que não tem medo de ser feliz. Quando uma pessoa é bem resolvida consigo mesma, ela incomoda a todos que não são, e se sentir bem é uma tarefa difícil. Sinto que você é uma dessas pessoas que ao parar para pensar sobre si, não pensa em nada. Fugir dos problemas e das questões que incomodam é uma alternativa mais interessante do que enfrentar os medos. Seu semblante aponta que você vive com medo, do que você já foi, de sentir os mesmos sofrimentos novamente. Isso é um julgamento, como todos o que você fez de mim, mas é a única maneira de me defender mentalmente dos seus ataques que sugam energia. Não preciso que você goste de mim, mas para me ver livre de tanto mau agouro em minha vida, preciso que você goste de você.

Bem-vindo a minha vitrine. Aqui você encontrará de tudo um pouco, para o seu deleite. À sua direta, verá que a minha vida está exposta em fotos. A última balada, eu e meus amigos bêbados com garrafas de vodka barata nas mãos, mas com pose de milionário. Os cabelos molhados na piscina de um primo do tio de um amigo, mas na legenda alguma referência que dê ideia de intimidade com o dono. A língua para fora enquanto dirige algum carro nada popular, que estava parado em frente a garagem de um conhecido que não emprestaria de modo algum. À sua esquerda, algumas postagens que tentam forjar gostos que não possuo e momentos que não tenho. Um aponta um livro que nunca li, mas todos estão falando. Outro marca um check-in no aeroporto que nunca estive, em direção a um destino que não vou. Neste, uma frase de Caio ou Clarice como forma de indireta para falar sobre falsidade de pessoas que nem fazem ideia de que respiro. À sua frente, perceberá conversas hipócritas e interesseiras. Neste chat temos um pedido de VIP para uma festa barata, apenas pelo prazer de entrar em uma fila diferente e esnobar quem aguarda para entrar. Neste outro bate-papo vemos que estou contando o segredo dela para ganhar a confiança dele. E aqui, nesta janelinha, poderá notar que finjo que me importo com as suas lamentações.

Após apreciar a vitrine, caso sinta-se à vontade, entre.