Vai te matar. Não literalmente, mas você vai morrer disso, dessa coisa aí que você tem e que acha que mais ninguém possui. Essa superioridade, arrogância e prepotência vai te colocar na cova. Esse pedantismo velado, combinado com esse sorrisinho de “sou melhor do que você” e um pouco de presunção vai te cremar aos poucos. Cada vez que você acredita estar acima, mais perto do céu, mais longe o paraíso fica. E o inferno, por mais longe que pareça, provavelmente será a sua nova vizinhança, quando finalmente desmoronar desse patamar que acredita estar. A queda é dura. Cair na realidade é como estar em estado vegetativo, sem poder falar para que alguém pelo amor de Deus cometa uma eutanásia. Cair em si é a pior queda que pode existir, pois não existe hospital para amparar quem se machuca com a verdade. E quando você acordar para o seu novo eu, vai perceber que está quase morta. O vaidade mata por dentro, o orgulho por fora e ninguém vai poder chorar no seu velório. Não existe enterro para o egocentrismo.

Tá calor. Tá quente demais, misericórdia! Se tá quente desse jeito dormindo sem roupa e sem cobertor, imagina só dormir de conchinha com alguém? Deus que me livre! Tá calor demais para namorar. Ficar beijando com esse calor, o corpo suado, que nojo. Não dá certo não. Ter que sair na rua de mãos dadas, sendo que elas estão molhadas, eca. Ter que tomar banho junto enquanto um passa calor do lado de fora do chuveiro e outro se refresca, olha isso, que egoísmo. Tá quente demais para ter alguém do lado, te apertando o tempo inteiro e dizendo um monte de frases bonitas, que dão um calorão só de pensar em tanto mimimi. O calor é tanto que não dá para aguentar conviver com mais alguém que não seja você mesmo.

Ainda bem que tô aqui, sozinho, comigo. Tá quente demais para ter algo além de um coração gelado.