“Chega de coisas tristes”, você disse. Então obedeci. Vou falar das coisas boas. Aquelas coisinhas fofas que a gente vive e não consegue enxergar com os olhos, somente sentir. Sábado é um exemplo de coisa boa que não enxergamos a olho nu. É dia de dormir até mais tarde, ficar contente com a cama cheia de nós dois, trocar abraços, não fazer nada, olhar para cima, pensar na vida, pensar a dois.

Coisa boa é ficar sentado no sofá ao seu lado, sem falar nada. Nenhuma palavra. Nadinha. E não ser cobrado por isso. Mania boba que as pessoas têm de achar que temos que conversar o tempo todo. Penso o contrário: se você não tem algo a dizer e ainda quer ficar ao lado da pessoa, no silêncio, é porque ela é boa o suficiente para a sua vida. Emudeça a ponto de eu ouvir seus pensamentos e saberei que você é perfeito para mim.

Bom é poder fazer almoço e ter alguém para lavar a louça, ou vice-versa. Odeio lavar os pratos, adoro você. Quando encontramos alguém que nos completa nas tarefas, significa que nos tornamos inteiros. Passamos pela existência sendo pela metade e buscando um outro para sermos um só. Há quem busque pela eternidade a pessoa que se encaixe em tudo. Eu só quero alguém que encaixe o detergente nas panelas. O resto nós damos um jeito de completar.

Eu falaria para sempre tudo o que há de bom, mas é impossível, porque tudo o que faz bem é praticamente invisível. Não há palavra que traduza um toque. Não há frase que ocupe o peito. Não há explicação que preencha os sentimentos. Não há experiência que substitua uma emoção. Ser feliz é algo quase imperceptível, mas para ver, basta sentir.