É feliz, sorri à toa.
Mostra os dentes,
gargalha estridente,
aceita e perdoa.

É feliz, nada a magoa.
Entende os atos,
estende os fatos,
a empatia não enjoa.

É feliz. Não sabe que é boa.

E se você pudesse largar o ontem para viver o hoje, você largaria? Se pudesse deixar o passado em paz, longe do agora e da lembrança, você deixaria? Se você se desse conta de que este segundo é muito mais importante do que o anterior e que o próximo ainda não lhe pertence, você faria diferente?

Você pode.

De agora em diante, fica estabelecido que a saudade não será mais sentida em vão, anunciada sem motivo autêntico e ocupada por quem não sente nada. A partir de hoje ela deixará de ser banalizada.

Esqueçam todas as cartas enviadas no século passado, todos os e-mails enviados na última década e todas as mensagens no whatsapp que citem a referida palavra. Deixem de lado todos os reencontros com amigos, parentes e amores. Parem e pensem na saudade. Pensem em seu estado, como se fosse sólida e tentem alcançá-la. Esmiúcem, desdobrem e amassem. Permitam que a saudade corroa a sua mente, destrua o seu peito e alague seus olhos.

E, quando não restar mais nada, a saudade ressurgirá como um sentimento imaculado. Ouse apreciá-la. Sinta a emoção bater em seu rosto e apertar no centro do peito, até o coração bombear o sangue com força, como quem expressa que a falta é real. E será. A saudade deixará a superficialidade para se tornar profunda, para fazer parte do âmago, para ser só sua.