Quando é amor, nunca temos certeza. Os indícios apontam, os ânimos se exaltam e o corpo responde. Eu te disse que dessa vez seria amor. Talvez você estivesse predestinado, mesmo não acreditando que amor não seja ato do destino, mas da energia de quando se quer amar. E dessa vez você queria. Das outras vezes o amor era tanto que nem conseguia ser amor. Em um dos casos, o alicerce do relacionamento era a carência, a vanglória, a dependência psicológica de ambos. Não era amor, não era amar, eram pequenos luxos materiais conciliados com a falta de um sentimento real. A luxuria e a falta não se relacionam com o amor. Em outro momento, em outra pessoa, encontrou-se o amor na fraqueza emocional. A personalidade desviada, a crise de identidade e a inconstância do ser deram o suporte a esse relacionamento. O amor era pautado em uma mente debilitada, que sugava as emoções de terceiros para enganar as próprias. No final, a matéria ficou em dívida e a alma levou a culpa. O erro de quem julga que ama é culpar o amar. Neste momento, sem muito ver e sem muito especular, só posso dizer que é amor. A carência foi traduzida em companheirismo, o luxo em simplicidade, a falta de identidade em personalidade, a dívida em crédito, a culpa em conformismo, o amor em amar. E se é amor, jamais terei certeza. Mas que se está amando, isso não há como errar.

Os vestígios cármicos estão presos em você.

Nos ligamos por um único motivo, tão grande que a nossa capacidade humana não conseguiu decifrar. Os sorrisos, os esboços de felicidade e a nossa união física e mental nos levaram a apreciar ao máximo o que a experiência existencial permitiu. Vivemos o ápice da essência divina, até que um olhar nos traiu. A cobiça invadiu o coração e você não se atreveu a arrancar os dois olhos e jogar o mais longe possível. Ao invés de lançar o globo ocular, preferiu lançar-se no inferno.

Cada fardo carregado hoje é a miscigenação de três pessoas. Duas almas que jamais deviam ter te pertencido e uma completamente perdida fez com que você carregasse uma tríade amaldiçoada. Você poderia ter aguentado a energia negativa de um único ser, o seu, mas o momento de luxúria gritou pelo seu corpo e o adultério fez com que a parte infeliz da sua alma recebesse a maior carga de infelicidade de outras duas. Desde então, as causas tem sido invisíveis, sem ligação racional, mas dolorosamente inevitáveis. Não tente anular os erros com acertos. A trilogia melancólica que habita em você jamais será sanada com boas energias. Não exclua a maldade, ela é o vínculo mais próximo com a sua nova razão de existir.

Aprende a conviver com teu Carma, o Darma jamais chegará.

कर्म

Não quero nunca terminar. Não é porque a gente dá certo, porque combinamos juntos e completamos frases, não quero terminar por causa dos outros. Não quero a gente longe, sem ser dois, e um terceiro comentando sobre a nossa vida. Ouvir pessoas falando para mim ou para você que não éramos parecidos, que um era mais gordo, que o outro era mais feliz, que um era mais amável, que o outro era mais solidário, que um era falso, que o outro era inconstante, que um era doce, que o outro era divertido, que um era amigável, que o outro era nenhum. Não quero que a nossa vida vire um seriado onde todo mundo se vê obrigado a palpitar sobre a próxima temporada. Nosso amor nunca foi programado e a nossa vida não pode se tornar programação. Não quero nunca terminar e ter que ouvir da boca de uma pessoa que nunca vi na minha vida que você já está bem com outrem, que se adoram e que estão mais felizes assim. Não quero que você ouça que finalmente minha vida está caminhando sem a sua presença, que estou fazendo intercâmbio ou que agora tenho mais tempo para quem amo. Não quero especulações, gente falando que você virou uma pessoa promiscua ou que me viram beijar mais de cinco na balada. Por mais que pareça que me importe muito com os outros, não quero nunca terminar pela gente. Porque se a gente acabar, não seremos mais um casal que deixou de dar certo. Nunca demos certo. Sempre demos mais, demos um pouco da gente.