Como quem espera a sua vez de ser atendido no banco, eu esperava ansiosamente ouvir algumas palavras. Seria como estar numa bendita fila de banco e o gerente gritasse meu nome, me convidando para um caixa especial, onde eu pagaria minhas contas num minuto. Ou melhor, o gerente gritando o meu nome com balões, confetes e serpentinas, fazendo muita festa por eu ser o cliente de algum número bem sugestivo e irrelevante. E, ainda mais incrível, uma grande festa com bailarinas de circo e elefantes entrando no banco, dizendo que as minhas contas da vida inteira estariam quitadas, independente do valor.

Contudo, continuei na fila do banco aguardando uma senhora de incontáveis anos tentando digitar a senha do cartão, anotada em um guardanapo, ajudada por três funcionários ao mesmo tempo e mesmo assim indo embora sem sucesso, pois a senha do guardanapo era apenas um número de telefone.

E continuei na fila, aguardando as velhas palavras que eu adoraria ouvir, no momento certo. Estava disposto a quitar todas as suas contas, o seu débito comigo.

Aguardei tanto, mas tanto, que o banco fechou. Do lado de fora, eu ouvi o que eu sempre quis ouvir. Mas aí já não me importava. O banco havia fechado. O meu coração também.