Esperei por esse dia. Se a vida pudesse ser pautada em um acontecimento, seria neste. A gente é bobo. Passamos os dias esperando por pequenas coisas para abrirmos mais sorrisos. O salário caiu, a cerveja chegou, o avião partiu, o abraço salvou. São pequenas besteiras que nos motivam. Já me senti confortável porque um desconhecido sorriu para mim na rua, porque elogiaram a minha roupa gratuitamente e por ter lugar vazio no ônibus. Depois de um tempo, quando a rotina se repete e nos acostumamos, deixamos de nos deliciar com as pequenas coisas. Queremos novas. Precisamos de experiências maiores. Buscamos momentos que nos valham a existência. E, como quem procura a chave de casa perdida na bolsa, dediquei boa parte dos últimos tempos buscando estes benditos momentos. Um, para ser mais específico. Rodei lugares, conheci pessoas e reforcei amizades, a fim de buscar o momento perfeito. Demorei a perceber que jamais encontraria. O que eu queria não era raso ou superficial, era profundo. A profundidade não é nítida, logo não pode ser classificada como um momento permanente. Eu, que queria um motivo para ser feliz constantemente, descobri que pautei minha vida de forma errada. A felicidade é curta porque é profunda.