As flores não querem ser de cemitério, as flores querem ser da terra, dos jardins, da alegria. Assim como pessoas, as flores não tem escolha. Não escolhemos a hora da nossa morte e as flores não escolhem para qual túmulo ir. Nós vamos e elas vão. Nossa alma vai para sabe-se lá onde, mas nosso corpo vai para a terra, para a escuridão. Não há cor, não há luz e não há esperança embaixo da terra. Em cima há. As flores, ainda que sem escolha, escolhem alegrar o lugar da morte, em um exercício fúnebre de deixar colorido um lugar onde quem vive não vê cor.

Ainda que sem escolha, as flores escolhem deixar alguém feliz.