Minha voz entoa comandos em bom tom. “Pare de ser bitolado”, como se as palavras saindo da boca e invadindo os tímpanos tivessem o poder de converter a minha imaginação. Esta já deixou de ser minha há algum tempo. Não me pertence. A imaginação é tão egoísta que não se permite ser de ninguém a não ser de si própria. Tento incessantemente fugir dos curtas que passam diante dos meus olhos, projetados em algum lugar entre a testa e a íris. Não paguei por essa sessão. A minha vontade é levantar da poltrona no meio do filme e falar muito mal dele por aí. Mas não posso. Não posso contar para as pessoas o que ando assistindo dentro de mim sem ser julgado como louco. Não serei Juqueri. Não serei estereotipado pelos meus pensamentos. Mente débil, corpo insano.