Nunca acreditei em almas gêmeas. Como posso saber que o amor da minha vida está na fila do pão, sendo que eu só compro pão de forma? Como saber se essa pessoa está esperando por mim na pista de uma balada de rock, sendo que eu só saio para dançar pop? Como posso saber que a pessoa que vai mexer com os meus sentidos sentou ao meu lado no ônibus, sendo que eu tenho que descer no próximo? Jamais saberei.

Se a minha metade da laranja existe, ela foi desidratada para virar Tang e todo mundo já bebeu um pouco desse amor. Se a tampa da minha panela está por aí eu nunca vou saber, pois só como fora e nunca visito a cozinha dos restaurantes. Se o chinelo para o meu pé cansado existe, ele deve ser da coleção do verão passado da Havaianas e não vou encontrar mais para vender.

Já sei que nunca vou me deparar com uma alma gêmea, mas acredito em destinos cruzados. Um dia o seu destino vai cruzar com o meu e nascerá o que a gente chama de amor. Quando isso acontecer, te empresto a minha alma e você empresta a sua. Elas nunca serão gêmeas e eu me contento com almas apenas parecidas. Nunca gostei de Gêmeos, prefiro ser de Libra.