Num grande sofá, com milhares de problemas imaginários deliciosos à vontade, a Psiqué degusta em porções generosas o seu mundinho de tarja preta, recheado de alucinações emblemáticas.

Com tudo ao seu alcance, a Psiqué não pensa duas vezes antes de se fartar de resoluções nojentas e entupir suas veias com gordurosas invenções de seu âmago, chegando ao ponto de não querer sair do lugar, de não querer sair do sofá, pois está tudo muito cômodo e delicioso.

Após se fartar, a Psiqué torna-se obesa, e a obesidade, quando não é patológica, é confortável e aconchegante. Logo, a Psiqué vai adoecendo por não levantar, por fazer suas necessidades no próprio sofá, e o corpo e o pano unem-se em excremento.

E a Psiqué, num estado mórbido, morre no sofá da cabeça de quem a alimentou.