Somos positivamente conflitantes e sempre seremos. Eu não vivo sem você e você não você sem mim, independente de qualquer sentimento. Estamos em sociedade, logo até a individualidade é coletiva. Sendo assim, amar é coletivo: dependemos do amor dos outros para existir. É aí que entra o problema, o meu e o seu. Uma relação é feita de doações, do que parte de mim para você e do que parte de você para mim. Quando nos colocamos no meio das relações cotidianas, como deixar de fazer algo que gostaríamos para fazer algo que o outro gostaria, vivemos a coletividade do amor. Mas quando o seu eu entende que a doação tange a um universo de coisas que só você gosta e eu não, ou quando antes de pensar em você eu penso em mim, não há coletividade, há egoísmo. Amar não é egocentrismo, amar é ceder. E alguém tem que ceder para um dos “eus”, senão a coletividade jamais existirá, o individual tentará seguir sem sucesso e vamos quebrar a regra social do amor. Não que para amar existam regras, mas para não deixar de amar o meu ou o seu eu, existem. Quando um de nós anula o próprio eu, não existe mais coletivo, já apenas um irá se sobressair e uma relação de um só deixa de ser coletiva, torna-se individual e automaticamente egoísta. Se você acredita no amor, passe a pensar mais em mim do que em você e viva nós dois. Se você acredita em você, em mim e no amor ao mesmo tempo, esqueça um dos três.