Deus, me leve para a estrada.
Lá eu perco o rumo
para chegar onde quero
e encontro a camada
da vida que espero.

Deus, me põe na estrada.
Me deixa em qualquer destino
e me entrega qualquer madrugada.
Vou ser nômade, clandestino,
me tornar a alvorada.

E eu que pensei que nunca fosse morrer de amor,
descobri que estou morto há horas.

Desde que o meu olhar cruzou com o seu
a morte me encontrou entre os olhares
e me crucificou pelo amor.

A morte passou a foice entre a gente
e foi-se o momento onde podíamos ter nos conhecido, se amado, se dividido.

E eu que pensei que nunca amaria ninguém de longe, agora sofro com esse amor a sete palmos de distância.

Acabou, amor. E sequer tinha começado.
Não sei porque você retribuiu o olhar.
Esse cruzamento de olhares maldito me fez conhecer a morte
e a morte me impediu de te encontrar.

Ainda não sei se é melhor estar vivo sem saber quem é você
ou se foi melhor ter morrido e o amor ter cruzado comigo.

Vou me perdoar. Vou me abster de cada pedaço sujo da minha alma, consumida pela minha impulsividade. Vou absorver cada pedaço da minha mente que se pune ao lembrar que se rende aos desejos e fetiches. Vou parar com o autoflagelo, com a punição física e mental e me render a realidade. Vou aceitar meus erros e me entregar a eles. Vou parar de fugir e me enfrentar. Vou me dar a redenção.