Todo mundo está preocupado com o tempo e ninguém mais se preocupa com a própria vida. Perdemos fazendo o que não queremos e não ganhamos ao aproveitar o pouco que poderíamos.

O tempo é caro, a vida é preciosa.

Estou errado a partir do momento em que os pensamentos poluídos invadem a minha mente. É inevitável, você me instiga a ter os piores. Sei exatamente para onde o seu olhar está se direcionando, seja para os olhos, boca ou alguma outra parte escondida do meu corpo que você adoraria descobrir. Você não quer apenas descobrir do que sou capaz e em que estou pensando, você quer saber se o beijo é bom e se sou insaciável na cama. Cada vez que você fala comigo, sei que gostaria de falar com meu corpo, e como nenhuma das palavras que saem de sua boca são relevantes naquele momento. Tudo é um pretexto para se aproximar de mim. Já evitei, mas não consigo mais. Você fez questão de deixar claro o que deseja. Eu ainda não te dei nenhuma amostra, pois o meu dever é te bloquear da minha vida. Embora eu queira, pensar nas formas que você pensa em mim só me coagem a errar. E errar, neste caso, é provar que consigo ser pior do que já fui em qualquer um de seus pensamentos.

Amor, nunca nos demos bem. Acredito que nossas desavenças tenham começado na infância. A vizinha que dizia que me amava na verdade só gostava de mim porque podia testar todas as suas maquiagens na minha cara. Ficava horrível, mas eu achava que era amor. Eu tinha seis anos e ela sete, não sabíamos nem o que significava sonhar, que dirá amar.

Daí em diante a nossa relação ficou ainda mais instável. Na escola, por mais que eu tentasse me envolver com alguém, a rejeição era de cem por cento. Gostava demais e não recebia nada em troca, a não ser indiferença. Foi aí que comecei a notar que eu e o amor não tínhamos nada a ver. Toda unanimidade é burra, por isso passei a acreditar que amar alguém por completo é ser imbecil. Deixei de me envolver, para deixar de amar.

Cresci. A vida colocou pessoas estranhas no meio do meu caminho, para que eu desse mais chances ao amor, sendo que o amor nunca me deu chances. Encontrei bocas pouco interessantes – assistindo filmes ruins ou em parques sem graça. Namorei por namorar, com gente irrelevante, que me satisfazia visualmente, psicologicamente ou sexualmente, mas sem ter amor em troca. Tive relacionamentos por comodismo. Nunca foi cômodo não consegui amar.

Hoje, após tantas desavenças, percebo que o que falta é o amor. Posso ter tido inúmeras relações, emoções boas e ruins, sentimentos diversos, semanas ou anos incríveis, mas falta algo. Falta algo que não sei explicar. Falta uma faísca, algo que aqueça, que mantenha, que dê liga, que encorpe, que envolva, que cause sorriso constante.

Sei que nunca fomos próximos, que tivemos nossas desavenças, mas percebo que foi pela minha resistência. Sempre quis tudo de mão beijada e você é fruto da superação. Para amar é preciso de coragem e sempre fui medroso. Eu mudei e estou disposto e te receber novamente. Volte para mim, amor.