“Trabalhe com o que você ama e viva de férias”, dizem. Mas o amor nunca sustentou uma relação sozinho. Ele soma, mas sem suporte amor é apenas mais um sentimento.

Ame o que você faz, mas não ame apenas. É preciso se organizar. O amor sustenta, mas sem organização uma hora você poderá morrer de fome. Planeje, encontre formas e formatos. Estar alinhado com o que você gosta é um modo de prolongar o prazer de fazer.

Não se prenda ao amor. Ele mantém, mas não segura para sempre. A dedicação é uma forma de manter o amor em dia, contudo, dedicar-se não é entregar-se por completo. Não é preciso se anular para amar, é preciso ter consciência do amor próprio.

Ame, mas se ame mais. Se você deixa de fazer algo, uma vez, por causa de uma tarefa, você está se dedicando. Se você deixa de fazer algo, sempre, pois acredita que todo esforço será recompensado, provavelmente irá descobrir em um futuro próximo que a recompensa da entrega foi extraviada no caminho e você não receberá nada além do desgosto por não ter feito algo para si próprio. Para amar, é preciso degustar. Digerir sem mastigar torna o amor insosso.

Ame, mas saboreie. Saiba aproveitar o momento para amar as tarefas, o envolvimento, a entrega. E saiba aproveitar o lado pessoal, o prazer de executar algo para si próprio, de explorar todos os lados da paixão em qualquer âmbito da sua vida. Quem ama 360º não deixa de amar nunca.

Esqueça as férias permanentes. Trabalhe com o que você gostaria de amar.

Preso em suas curvas sem fim,
me perco em seu ciclo.
Enxergo na cegueira
o proveito que tiro de mim.

Liberta. Tira essa casta.
Preso em você
sou o que me basta.
Termina de forma sorrateira,
tira essa aliança de mim.

E lá estava eu, fazendo justiça com as próprias mãos. Como se tudo o que eu desejasse fosse uma regra a ser cumprida, eu exigia honestidade (ao menos de mim).

O efeito inverso do que você deseja tem um poder muito mais estrondoso do que o ato de desejar, por isso eu parei de ter sonhos muito grandes. Estava desejando demais. Desejava coisas nos conformes, de acordo com o que planejei (mas infelizmente ainda nos meus conformes), o que tirou o sentido de querer tudo aquilo.

Vejo-me agora perdido entre os direitos que não sou dono, mas que são donos de mim. O direto da predileção, o meu predileto, se perdeu junto com o desdém que vem de brinde com esse direito. Meus desejos se cruzam com meus direitos, e me perco dentro da minha razão.

Eu gosto da visão de justiça que larga a venda e a balança em cima da cama e volta a dormir, se tornando mais bonita no sono da beleza.