Jogou-se no sofá,
cansada, coitada.
Tentou levantar,
caiu em si.

Pobre consciência,
pesada.

Fez diferente:
repetiu-se na mudança,
tentou de novo.

Eu não preciso me afirmar a todo momento, mas faço. Me pego constantemente em provação, criando provas mentais para disputar comigo mesmo, criando intrigas fictícias com pessoas que pouco me acrescentam e muito me incomodam.

Necessito de aprovação. Apesar desta ser dos outros para mim, o maior juiz é a minha mente. Ela precisa de tudo perfeito, construído, calculado, impecável. Se eu arquiteto algo, quem constrói é a mente. Ela encaixa as peças, coloca de pé e dá sentido, mas tira o meu. Sinto que nunca sou bom o suficiente para mim e consequentemente para os outros. É como se todas as mentes se reunissem no inconsciente coletivo para falar de mim. É presunção demais imaginar que o mundo está pensando sobre você, suas atitudes e comportamento. Infelizmente a minha mente é presunçosa.

O fruto desta conduta é pensar que todos aparentemente fortes estão contra mim. Na verdade, a força é apenas uma bengala para criar uma personalidade dura, mas no fundo sei que estes que teoricamente me julgam sofrem mais do que eu. O que os outros veem é a casca. O que eu vejo é a fragilidade do ser envolto por esse lacre. As pessoas que usam máscaras como artifício para seguir com a vida de forma mais natural são as mesmas que precisam dos que precisam se provar. O alicerce de uma alma frágil é a mente de um alguém que extrapola os próprios limites. E é exatamente por isso que os que pouco me acrescentam muito me incomodam, pois precisam do meu juiz mental para fortalecer o próprio desespero.

Naufrago em meu próprio juízo, afundo em minhas cobranças, me afogo no que os outros estão pensando. Não preciso me provar, mas me provo, com a esperança de ser o melhor para mim.