Não há como saber, Deus não me emprestou a sua onisciência, mas de alguma forma sempre tive ideia de que a gente ficaria junto. Junto do tipo ser companheiro, sabe? De contar um com o outro, brigar por bobagens e ficar bem logo em seguida, de ser cúmplice sem questionar os porquês. Sempre soube que íamos ser um par.

Bem que eu queria, mas Deus não cedeu a sua onipresença, o que é uma pena. Não queria ficar vinte quatro horas com você, até porque ficaríamos enjoados de nós, mas gostaria de estar em momentos chave. Ao acordar, no metrô lotado, do seu lado na esteira da academia. Gostaria de passar a mão em seu cabelo até você sentir muita preguiça e cair no sono. Eu nem precisaria ficar a noite toda, desde que ficasse um pouquinho mais todos os dias.

Embora pareça, não sou herói, Deus não me deu a graça de sua onipotência. Se tivesse dado, provavelmente eu teria curado algumas de suas amigdalites, aberto o tempo nos dias que você esqueceu o guarda-chuva e feito o tempo passar mais rápido para que uma viagem chegasse logo. Talvez eu nem precisasse de tanto poder, só o suficiente para realizar aqueles desejos que parecem impossíveis.

Infelizmente, Deus não me deu seus principais atributos, mas me deu você, oniamor.

As dúvidas tendenciosas dos outros podem ser exteriorizações das suas. Lutamos pela positividade, mas não conseguimos ser positivos o tempo todo.

Boa parte dos nossos pensamentos são pautados em questionamentos que não queremos ter, em dúvidas que desejamos afastar, em inseguranças que não queremos demonstrar. Optamos pela omissão da dor, até que está seja relembrada por alguém. Uma simples pergunta pode virar uma ameaça, um questionamento pode se tornar uma ofensa, uma reflexão pode se transformar em raiva. É como se o outro tivesse a chave da porta dos pensamentos e entrasse na surdina, na madrugada, sem pedir permissão.

A questão é que transparecemos aquilo que tememos e tememos ter as inseguranças expostas. Para nos protegermos de nossas incertezas, precisamos combatê-las. Questione-se e busque alternativas para enfrentar o que te aflige.

Entenda-se, enfrente-se, questione-se, realize-se. Pare de fugir de você.

Acredite, é melhor arriscar e descobrir algo com um erro novo do que manter-se acomodado e consumir os mesmos erros.

Consumimos tanto a rotina que ela nos consumiu. Nossas escolhas são pautadas em nosso condicionamento, no clichê, nos padrões impostos. O parâmetro de felicidade tornou-se invejar quem tem mais. Sinônimo de sucesso é viver pelo trabalho, viver em ponte aérea e dizer que é chefe.

Sair do lugar comum traz oportunidades únicas, como descobrir quem se é e para onde se gostaria de ir. Nos encontramos quando estamos longe dos condicionamentos, das imposições sociais. Ao nos encontramos, encontramos novas formas de fazer a mesma coisa. Perdemos a ânsia pelo trivial e ganhamos um futuro promissor.

Aceite, a sua vida não é como você sempre sonhou, pois você dorme de olhos abertos. Feche os olhos, abra a mente.