Deita comigo,
leva meu sono.
Deixa a cama ser o apoio
dos nossos braços
e abraços.

Me empurra,
me caça,
muda de lado
mas não saia do meu.

Deixa que eu sinta o
sonho na hora
e que depois,
amanhã,
sem você,
eu sinta a cama
e sinta a falta de sentir você.

Se nós fossemos os mesmos, para sempre, em um momento, provavelmente seríamos aquele dia em que nos conhecemos, sentamos em uma mureta da balada enquanto alguma música pop tocava e dávamos o primeiro beijo. Isso misturado ao pedido de namoro, embalado com reserva de hotel popular, muita chuva e almoço em um lugar bem simples. Junto também com o dia em que falou que me amava pela primeira vez, e a primeira vez foi muito antes de me amar de verdade. Somando o momento em que nos assumimos como casal, compartilhando medos, alegrias e futuramente o mesmo teto. E se fossemos os mesmos, para sempre, em um momento, nós seríamos todos os minutos que nos fizeram sorrir.

A felicidade é um detalhe e nós somos detalhistas.

Parece algo irrisório, mas nos divertimos com sorrisos sem motivo. Tem que ter motivo para sorrir? Eu já precisei de vários, hoje não preciso mais. Qualquer besteirinha me arranca um, te arranca um e viramos só dentes. Ainda bem. Em boca fechada não entra alegria.

Gosto disso, dessa despreocupação com os motivos. O detalhe da nossa felicidade está em não detalhar nada. A nossa base é sobre as pequenas coisas. Não precisamos de presentes caros ou de e-mails enormes sobre como nos conhecemos, só precisamos de nós.

Gostamos de coisas aparentemente irrisórias, como colocar os pés sobre as pernas do outro enquanto assistimos um filme, deitar sobre o peito do outro enquanto falamos sobre o filme que assistimos, não falarmos nada enquanto estamos um sobre o outro. E quem vê de fora, pensa que isso é só mais um monte de besteiras de um casal apaixonado. E isso nada tem a ver como o amor, tem a ver com a forma de amar.

Se a felicidade tem fim é porque ela ainda não nos encontrou.